Acordei feliz dia
desses. E continuei acordando assim nos vários dias seguintes. Agradecia até pelos
dias de chuva que me faziam chegar ensopada no trabalho. Todos os dias, assim
que eu pegava meu celular, tinha um bom dia calmo e sereno de alguém que
finalmente estava ao meu lado. Eu não podia estar mais feliz. Mas ainda assim
algo parecia estar errado.
Eu sentia falta daquela
paixão louca e desenfreada, do coração apertado que sempre me fazia crer que
amava quem me causava isso, do medo de perder. Eu sentia falta da montanha
russa que sempre me fez odiar gostar de alguém. Me desesperei. O que eu faria
sem aquilo tudo? Por que tudo aquilo tinha sumido?
Criei todas as explicações
possíveis. Cogite até que tudo pudesse ter sumido, ainda que cada parte de mim
se sentisse a mais feliz do mundo quando visse a pessoa. Quase acabei com tudo,
por pouco não tornei aquela calma em um vendaval que levaria a pessoa de mim. Até
que um dia, depois de momentos que desejei que fossem eternos, conclui: eu não
sabia ser amada, eu ainda não sei tão bem ser amada.
Cresci com o ideal
de amor maluco, cheio de idas e vindas. Com o amor que nos deixa instável,
insegura, com medo de tudo. Pra mim, amor sempre foi sinônimo de medo. Amar e
ser amada na calmaria era algo impossível. Eu não sabia o que era de verdade o
amor.
Pedi desculpas. Me
recompus. Contei o que me afligia. Causei certo choque na pessoa. Como era
possível que eu, tão informada e resolvida, pudesse não saber ser amada? Não
consegui responder à pergunta da pessoa com palavras que fizesse sentido. Até
então, eu acreditava que sabia, cria que entendia. Achava que sabia de tudo até
o amor vir de verdade e já de início me mostrar que eu não sabia de nada.
É possível existir
amor na calmaria, na tranquilidade. Na verdade, amor pra vida toda só vale a
pena se for trazer leveza e facilidade. Eu não sabia ser amada, e sei que várias
outras pessoas também não sabem. E eu espero, com todo meu coração, que todos
conheçam o amor de verdade.
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