Confesso-me amante de reality show’s, principalmente daqueles que o
público não interfere com votações, então, se antes meu grande amor era O
Aprendiz, hoje é MasterChef. Para quem não sabe do que se trata, é um programa
de culinária, onde os participantes cozinham para três chefs e às vezes alguns
convidados, toda semana sai o que cozinho pior e no final, claro, apenas um
ganha os prêmios e o troféu de MasterChef.
Aqui no Brasil o programa já está em sua quarta temporada, contando as
duas de amadores, a kids e a mais recente, a profissional. Embora cozinhar não
seja minha paixão, eu amo o programa e estava muito ansiosa para descobrir como
seria o programa com chef’s já formados sendo participantes, sinto em dizer que
foi um show de absurdos. O programa continua excelente, não foi a produção que
caiu, o absurdo mesmo foi ver como pessoas podem ser tão desumanas e egocêntricas
apenas por serem formados. Mas esse texto não é um resumo do programa, mas sim
sobre uma participante e um caso que chamou atenção.
Dayse, participante e vencedora do programa sofreu, quer ela enxergue,
ou não, muito machismo dentro do reality, foi um choque até para quem já está
acostumado em ver coisas assim assistir em rede nacional a maneira como alguns
participantes não conseguiam esconder o problema em aceitar que uma mulher
poderia ser MUITO boa. Mas você pode estar se perguntando, se ela venceu,
porque esse texto, não está tudo certo? Deveria.
Acontece que a questão do machismo contra a mesma fez algumas pessoas
esquecerem que não foi o pré-conceito que a fez vencer, que o programa nunca
foi uma batalha de gêneros e a mulher venceu o homem. Dayse venceu o programa e
calou a boca de muitos homens, claro, mas ela não venceu por ser mulher, ela
não venceu para levantar bandeira de movimentos, Dayse venceu porque foi a
melhor de todos ali, porque cozinhou melhor que seu oponente, a mulher venceu
porque conzinha muito bem e venceu todos. Simples assim.
Quando perguntada sobre como foi mostrar para os homens que ela
cozinhava bem, ela deixou claro que não levanta bandeiras de nada, que apenas
fez o que sabia fazer de melhor e vi no twitter muita gente se incomodar com
sua resposta, queriam que ela fizesse de sua vitória a vitória de um movimento,
e foi aí que percebi que muita gente entendeu tudo errado.
A vitória da Dayse foi sim muito importante para nós mulheres, mas
ainda assim acho que a vitória é dela, apenas dela. Essa participante não foi
apenas deixada de lado por homens, muitos participantes deixavam claro que não
colocavam fé nela, independente de seu gênero, então, mesmo sendo vítima de um
forte machismo, a Dayse venceu por ela, por ser capaz. Ela surpreendeu a todos
não por ser mulher, mas por mostrar que era bem melhor do que a maioria
pensava.
E é por isso que a vitória da Dayse é uma vitória dela.
O feminismo não venceu, o machismo também não, as mulheres não
venceram o mundo, a Dayse venceu o programa. E com sua vitória ela provou
muitas coisas como: só você sabe do que é capaz, todos somos capazes, ego não
vence nada, existe machismo até na cozinha onde dizem que é onde as mulheres
deveriam estar, e o mais importante: você não pode se deixar abalar.
Então, não tentem pegar a vitória de alguém que venceu por méritos
dela e colocarem isso como se tudo fosse graças a algum outro fator, por favor,
não a usem como símbolo de qualquer coisa que ela não queria ser. A Dayse
entrou para ganhar o programa sendo boa cozinheira, e foi isso que ela fez. Se
ela nos deu mais lições só podemos ser gratos, mas a vitória é dela e graças a
ela, só isso.
* Que finalmente possamos
enxergar que o machismo é bem maior que nosso mundinho mostra, que possamos
lutar contra isso e provarmos que somos capazes de tudo, mas que também
aprendamos que não se trata de uma competição de gêneros, e muito menos de
bandeiras. O machismo existe e devemos combatê-los, mas combater o mesmo não
faz de mim símbolo de qualquer coisa que eu não queira ser, combater o machismo
faz de mim uma mulher forte, sábia, capaz. E qualquer que seja minha forma de
combater, é uma escolha minha e desde que não desrespeite ou falte com a
verdade, não devo ser julgada por isso.
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