Eu
não queria enxergar, sabe? Fechei meus olhos, tampei meus ouvidos e me fiz de
louca. Tudo isso pra não reconhecer que eu nunca fui prioridade pra você.
Caminhei sem rumo e se via um conhecido, mudava de caminho, só pra que ninguém
me falasse o que pra mim, era duro perceber: no fundo, eu nunca importei de
verdade pra você.
Doeu,
todos os dias doía mais um pouco cada vez que eu, nos detalhes, via a verdade.
Desejei, mais até do que torci pra estar errada, que você escancarasse de vez,
gritasse a verdade e fosse embora sem falar mais nada. Pensando bem, eu te
implorei pra que fizesse isso, e não foi uma vez. Meus últimos dias achando que
tinha lugar na sua vida foram cheios de dores e pedidos pra que você fosse
sincero e corajoso pra me tirar dali de vez.
Dói
lembrar das vezes que te contei o que via e sentia, numa tentativa falha de que
você tivesse um pouco de compaixão, me desse o mínimo de importância e assim me
liberasse de vez. Machuca de forma brutal pensar nas vezes em que você falava
coisas bonitas e me fazia acreditar que eu estava errada em ficar insegura, só
pra depois me ignorar e agir como se nunca tivesse dito nada daquilo. Tantas e
tantas vezes me perguntei se não era eu e meus dramas me sabotando outra vez,
que na verdade você queria ficar e eu importava. Você repetiu que eu importava
tantas vezes que não só tu acreditaste na mentira, mas eu também.
Em
momentos como agora eu fico me questionando o que te fiz, o que foi que causei
dentro de ti pra que você me enganasse por tanto tempo. Que tipo de coisa fui
pra você pra que abrir mão de mim fosse algo tão negado por ti. Você não me
queria de verdade, sempre soube que eu não seria sua escolha, nunca acreditou
na gente. Eu nunca vou entender o motivo pelo qual você me segurou por tanto
tempo, e mesmo depois de tudo, tento não ver tudo isso como algo sádico da sua
parte. Talvez eu esteja me fazendo de louca novamente, mas eu não acredito que
foi por alguém assim que me apaixonei.
Uma
vez, em um desespero por repostas, chamei o que tivemos de paixão. Você me
corrigiu dizendo que odiava o termo e o sentimento da paixão, porque a mesma
era passageira, algo leviano e falso. Uma parte de mim quebrou-se inteira ao
escutar aquilo, e não porque eu discorde de você, mas porque sabendo da sua
certeza de que não foi aquilo, então não restava mais nada. Eu me quebrei e me
refiz tantas vezes enquanto esperava por suas respostas. Me forcei a me manter
de pé mesmo que eu não aguentasse mais nada, só esperando você, ao menos uma
vez, me responder algo com certeza. Poucas vezes me forcei a ser tão forte.
Não
faz tempo que percebi meu lugar na sua vida – que na verdade é fora dela -. Faz
poucas horas desde minha conclusão. Esse texto tá sendo escrito com lágrimas.
Choro cheio de dor, sim. Mas um choro também de alívio, descanso por saber que
independente das suas palavras, eu enxerguei, e por mais que doa não vou mais
me enganar, afinal, agora já sei: eu nunca importei pra você.
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