Os corpos falam


Eu sempre achei quem a gente fosse bom em fingir, visto que a gente já enganou muita gente com o nosso discurso de apenas amigos. Mas esses dias, depois de uma amiga minha vir falar de você, eu percebi que a gente mente mal, e tudo isso porque os nossos corpos falam.
Neste mesmo dia em que minha amiga falou de você, eu te vi. Vi quando você tentou fingir que não tinha me visto, mas como ficou de olho em mim enquanto eu fingia não olhar para você. E percebi em mim a ânsia de passar por onde você estava, fingindo pra mim mesma que era apenas pra ver o quanto você iria manter aquela pose.
A gente se entrega quando você fala mais alto ou coça a garganta toda vez que passa por perto de mim e eu não te vejo, ou no momento em que de todos os lugares no mundo, você prefere estar perto de onde eu estou. Eu deixo claro nas vezes em que me remexo na cadeira, parecendo instantaneamente desconfortável, ou nas vezes em que fico me virando e te procurando nos lugares.
A gente se entrega até quando ri.
Quem nos conhece direito sabe que a gente muda, e talvez não falem nada por não saberem de tudo que já rolou. Eles temem nos contar o quanto mudamos quando estamos perto um do outro porque acham que a gente vai pensar poderíamos ter tido algo que agora não dá. Mal sabem eles que essa dança a gente já dançou faz tempo e que a gente não daria certo nunca. É por isso que nossos corpos falam, porque embora nossa mente já tenha entendido, depois dos nossos beijos nossos corpos ainda custam a entender.

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