Muita gente não acredita em almas gêmeas. Na pessoa certa, na “the
one”. Assim como Ted Mosby, o romântico e às vezes inocente protagonista de How
I Met Your Mother, eu acredito. Eu acredito que alguém possa ser a “the one”
para alguém, a pessoa certa, aquela que vai fazer você ouvir Madeleine Peyroux
cantando Dance me to the end of love. A que vai fazer você pensar: “Deus, se
existia esse cafuné no mundo, por que eu passei anos tomando remédio
para ansiedade?”. A The one. Mesmo com o artigo repetido em português e em
inglês, só para feito dramático.
Mas
ela não é a The One no sentido metafísico, divino de que duas pessoas estão
destinadas a ficarem juntas. E encontrar essa pessoa é como quebrar um osso: se você tem dúvidas é
porque não quebrou, ou não encontrou. E
pode ser na primeira vez que você a vê andando na sua direção, guardando o
guarda-chuvas, balançando os cabelos e, sentando na mesa e perguntando: “tá
esperando há muito tempo?”, e você tem vontade de responder: “estou te
esperando a minha vida inteira”. Ou pode ser um estalo no meio de uma conversa
trivial em um restaurantes sem vela na mesa, com uma gaveta que nunca fecha,
que faça você pensar: “Por que diabos, depois de tanto tempo, eu estou com essa
vontade idiota e incontrolável de beijar essa pessoa?”. Na mesa ou na chuva, a
resposta é: porque ela é a sua The One.
É
a pessoa que demonstra prazer em estar com você sem esperar nada em troca, e
sem que haja uma razão aparente para isso. É a pessoa que entende que ninguém é
um amontoado de defeitos e qualidades, e sim uma pessoa que não pode ser
representada nem somente pelos defeitos nem pelas qualidades. É a pessoa que,
depois do beijo, fica com a testa encostada na sua, tocando o nariz no seu, de
olhos fechados, e você não consegue sentir nada a não ser uma imensa paz
interior. E quando você se lembrar do beijo, a parte dos olhos fechados com o
rosto próximo ao seu vai te fazer sorrir sozinho. Essa pessoa é a sua The One,
não tenha dúvidas.
A
The One não te abraça somente com vontade. Ela te abraça de maneira que, se um
precipício se abrir debaixo dos seus pés, ela conseguiria te segurar em seus
braços, e, ao mesmo tempo em que com uma mão ela te faz carinhos nos cabelos,
com a outra ela te acaricia as costas. Não é qualquer pessoa, não é qualquer
paixão. É a pessoa que, quando encosta a cabeça no seu ombro, esquece o mundo lá
fora, esquece os problemas e faz você agradecer aos céus por não ter desistido. E você não precisa acreditar nisso, nem a outra pessoa. Porque
quando vocês sentirem isso, vocês vão saber.
Um
beijo calmo e urgente. Um abraço apertado como se vocês não se vissem há vinte
anos, desde que você foi para a guerra. A The One não é a pessoa que você acha
que precisa dela. Ela é a pessoa com quem você quer estar o tempo todo, mesmo
não precisando, porque é prazeroso estar com ela, e, se você precisasse dela,
você não teria escolha. E ela é a The One exatamente porque vocês escolhem
estar um com o outro, não porque precisam.
* Texto de Léo Luz. Léo
é colaborado do Entenda os Homens e em seu perfil do blog diz o seguinte: escritor e roteirista, e não sabe fazer mais nada da vida, a
não ser jogar poker e fazer pipoca de microondas. E eu só digo uma coisa: ótimo escritor.
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